segunda-feira, 6 de julho de 2009

Uma opinião sobre as opiniões.

Estava hoje a ler os artigos de opinião e os editoriais do jornal "O Globo". Não tinha muito o que fazer, acompanhava meu pai em sua odisséia para diagnosticar o que houvera com o seu joelho - decidiu correr, nas suas rotineiras caminhadas matinais - e eu encontrei o jornal de anteontem abandonado no banco do carona. Alguns dos nomes que li eram até por mim conhecidos, Cristovam Buarque, e um desses pontífices que não me recordo o nome... porém os outros creio eu que só são conhecidos por leitores assíduos do jornal. Todas bem dissertadas, impecáveis, discutindo as peculiaridades e expondo, obviamente, suas opiniões.
O jornal me distraiu por um tempo, mas me levou a pensar sobre algo mais profundo, o que está por debaixo dos panos desses artigos de opinião.

Cristovam Buarque, por exemplo, é senador, já foi ministro da educação e já concorreu a presidência com uma plataforma muito bem fundada. Recordo-me que quando concorrera ao Itamaraty, eu facilmente convenci meus pais a votarem nele - os dois votariam no Lula - com uma argumentação barata. Esse currículo, tirando a experiência e tudo mais o que eu não sei a respeito dele, faz dele alguém, digamos, 'audível'.

Mas o que realmente faz alguém ser digno de expor as suas opiniões? É constitucional, faz parte dos direitos humanos, blá,blá,blá... eu realmente me cansei disso. Quem nunca teve um ideal reprimido atire a primeira pedra. A verdade é que para ser ouvido, alguém precisa de influência. E adivinhe só: Para conseguir influência, você precisa de influência. É um ciclo vicioso, difícil de transpôr. Um qualquer não tem uma coluna de opinião num jornal de grande circulação, e muitos desses, que fazem parte do "grupo dos qualquer", tem algo muito pertinente a dizer.

A grande ressalva é que hoje existem blogs. E blog é lugar de opinião. Mas até os blogs os malditos jornalistas dominaram: Na maioria dos sites jornalísticos há link para algum blog, de alguem influente. E o blog próprio, do qualquer, só é acessado por agregados que são induzidos - não é o meu caso, gosto de ler a produção alheia - a dizer: "Nossa, legal esse texto".

Audível ou não, com blog ou sem blog, acho que vou me conformar com o fato de que eu atualmente faço parte do "grupo dos qualquer", e que os meus amigos, ou uma porcentagem bem baixa deles, são os que vão ler algo a respeito da minha opinião. Mas eu talvez não tenha coisas muito pertinentes a dizer, apenas algumas filosofias de boteco.


Obs.: Aos engraçadinhos que quiserem contra-argumentar colocando como exemplo as cartas do leitor, segurem-se, afinal, nem você mesmo lê aquilo.

3 comentários:

  1. eu tinha uma professora que só comprava o globo pelas cartas do leitor. mas sim, o mundo é baseado influência e poder, logo a informação também.

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  2. eu sou um agregado que é induzido (:

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  3. Gostei e concordo. Mas também não é assim a vida? Ter influencia quer dizer ter presença, apoio.
    Gostaria que comentasse no meu blog, dando seu ponto de vista, afinal, 'trocando idéia' é o título ;)

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